Monday, April 14, 2008

A palavra de Cuti (Luiz Silva)



“Não” é uma escravidão. Suas várias faces mostram a complexidade do monstro que, de tanto se travestir, chega a se tomar invisível – seu maior perigo. Não enxerga-lo, um vício, ao qual aderem populações inteiras.

Escravizar é o verbo. Angústia, sofrimento e dor, a sua imposição. Poder e manutenção do poder, a finalidade última.

Quando no outro não vemos o reflexo da humanidade, ele se torna passível de ser feito nosso escravo. E por que não enxergarmos essa humanidade que em nós existe? Afinal, existe ou deve ser criada?



O confronto dos desejos de construir e destruir embaça a visão. Mas, ainda assim, é o poder que, no fundo deste túnel, atrai milhões com seu canto de sereia. Será ele a verdadeira manifestação de humanidade? A reposta é sim, acompanhada de uma nova pergunta: poder de e para quê? A esta questão, o poder de escravizar responde com o sadismo. Impingir a dor e iludir-se de estar afastando a possibilidade de senti-la. No fundo abissal, ruge a fera da vingança.

Todo senhor é um escravizado do seu medo. Todo escravizado é senhor da sua vingança. Ambos prisioneiros da crueldade desencadeada pelo primeiro. Por essa razão, os que lutam para transforma-lo em ninguém. Esta condição ideal, a não existência do senhor. A ela chegamos com determinação, pois o monstro tem as suas artimanhas, sabe adquirir novos rostos, maneira de agir, subornar
...

Nos lugares mais distantes das testemunhas, nós ermos do País, ou no desconhecido entre quatro paredes, a corrente, o tronco de suplício, o porão de algum sinistro navio, ancorado em um coração mais sinistro ainda, medra esta flor do ódio: a escravidão. Contra sua legenda de morte nenhuma abolição de letra sobre o papel pode mais que a energia de um quilombo, lá onde se vai buscar a liberdade de fato; lá, onde o aqui-e-agora explode em alegria de lutar, sem tréguas, pela libertação permanente de todos, inclusive de tantos quantos ainda sustentam a canga, vítimas da síndrome de negar o futuro.

Quilombo, palavra-chave que os sentimentos de um novo tempo agradam, para abrir o grosseiro ruído dos meios de comunicação, quando se dará a execução de Rei Midas e será realizada a reforma agrária dos corações e reconhecidos os


CRAVOS VITAIS


Escrevo a palavra
Escravo
e cravo sem medo
o termo escravizado
em parte do meu passado


Criei com meu sangue meus quilombos
Crivei de liberdade o bucho da morte
E cravei para sempre em meu presente
A crença na vida.

2 comments:

Milla said...

Eu sei que vc não está acostumada c/ memes e tal, se não quiser, td bem, mas tem um presentinho rpa vc no meu blog ^^

bjo!

Milla said...

É simples!
Meme é uma espécie de corrente que é passada de blog para blog.
Por exemplo, este que te passei... Vc copia e cola no teu post, e responde as questões, e depois passa pra outro(s) blog(s).
No caso, este vem com um selo ^^
Pra mostra o quanto o blog é querido. Passamos o selo normamente pros blog q consideramos mto bons e que merecem ser presenteados. Vc copia o selo pro seu blog (se quiser pode deixa-lo de enfeite no layout) e repassa.
Selos e memes funcionam do msmo jeito. É uma espécie de "prêmio" :p

É um dos prazeres de ter um blog, a interação com outros blogueiros e esse tipo de reconhecimento. ^^

Enfim, é isso. rs

Bjo!