Thursday, May 22, 2008

Encontro Das Águas

Jorge Aragão
Composição: Jorge Vercilo/ Jota Maranhão

Sem querer te perdi tentando te encontrar
Por te amar demais sofri, amor
Me senti traído e traidor
Fui cruel sem saber que entre o bem e o mal
Deus criou um laço forte, um nó
E quem viverá um lado só ?
A paixão veio assim afluente sem fim
Rio que não deságua
Aprendi com a dor nada mais é o amor
Que o encontro das águas

Esse amor
Hoje vai pra nunca mais voltar
Como faz o velho pescador
Quando sabe que é a vez do mar
Qual de nós
Foi buscar o que já viu partir,
Quis gritar, mas segurou a voz,
Quis chorar, mas conseguiu sorrir ?
Quem eu sou
Pra querer
Entender o amor?

Abismo - Jorge Vercilo e Ana Carolina

Tuesday, May 20, 2008

Por que são raras as Pérolas?

As pérolas são raras por estarem ocultas no interior das conchas, tornaram-se o símbolo do conhecimento velado e da sabedoria. Pura e preciosa, porque é retirada de uma água lodosa, de uma concha grosseira, surge tão bela e tão límpida. A pérola é fruto do sofrimento. A ostra deixa-se penetrar por um simples grão de areia, a dor, que passa a irritar o seu corpo. A ostra é também uma artista extremamente paciente capaz de esperar anos para concluir a sua obra de arte, buscando sempre a perfeição, mas quase nunca a atingindo. Nessa sua labuta incansável vem brindando a humanidade com verdadeiras obras de arte. A essência da causalidade não se detém jamais, e a pérola estará para sempre brilhando. Não há ação ou pensamento que exista separadamente, mesmo nossa perplexidade ou preocupação. Conseqüentemente, inferimos que mesmo o ir e vir na Caverna dos Demônios da Montanha Obscura, nada mais vem a ser que a própria pérola resplandecente...

Foi Assim:

Eu ontem falei das pérolas... Falei do que passou. Falei da dor. Falei do ensinamento. Falei do aprendizado. Falei da saudade. Falei do que foi bom. Falei do ainda poderia ser melhor. Falei do meu sentimento. Falei do verdadeiro. Falei do medo. Falei dos cacos. Falei da vontade que quis estar ao lado. Falei do abraço. Falei do corpo. Falei da entrega... Ouvi o que poderia ter sido, do não medo, do não magoar, do não compreendido, do não tentar, do suposto nunca escolhido, do meu corpo por ele sentido, do desejo ainda reprimido, do banho quente, do dom marginal, do de certo modo o que sempre fui... Ouvi a voz que me preenchia, ela dizia que eu a acalmava. Nós falamos do que sentimos um pelo outro e nos encontramos com o vazio. Com minhas mãos geladas e o coração na boca eu perguntei: "_Por que a gente não deu certo?" E ele me disse: "Eu não sei...!" Quando senti que o fogo poderia ser perigoso eu relutei; "_ Desculpe, eu não posso!". Ele me deu razão; "É melhor, você está certa...". Ficamos com a lembrança do brilho dos dias, bons dias, que não voltam mais. E o futuro? Espero sinceramente estar disponível para tentar e vê-lo preparado para esta luta, mas não sei quando e se isso está por vir. Alguma coisa ainda trás a tona este amor, se é que é amor, este sentimento engasgado...

(Tinne Fonseca _ A Imperatriz)
*
Nem bom, nem ruim... Necessário!

Sunday, May 18, 2008

Colcha de Problemas


Dos meus problemas fiz um acolchoado de retalhos,

pedaços de dificuldades

que me fazem lembrar da minha capacidade de superar momentos difíceis,


e vejo pedaços que me lembram fatos onde eu tinha certeza que não iria resistir,


onde eu queria mesmo era morrer, sumir...


Amores perdidos que me fizeram sofrer,


mortes inesperadas que me deixaram vazio,


promessas que não aconteceram,
doenças,


discussões tolas,
brigas e desavenças,


sonhos que viraram pesadelos...


Um acolchoado triste, pesado, mas cheio de lições importantes,


cheio das minhas impressões,


do que eu era e do que me transformei,


por isso essa força tamanha que carrego comigo por onde for,


e se encontro alguém sofrendo pela estrada tiro da minha colcha um retalhinho,

um pouco da minha experiência com a dor,


e mostro carinhosamente o caminho onde há flores, espinhos e amor.


Peço para a pessoa olhar lá na frente,

além do problema e da dificuldade,


depois olhar para dentro de si mesmo,


e encontrar a solução para tudo,

pois a dor vem dos outros, a decepção também,


mas a solução está onde sempre deve estar,


dentro de você, criatura divina, feita para brilhar.


Ame-se!


Eu acredito em você.



TEXTO: Paulo Roberto Gaefke

Thursday, May 15, 2008

Venus e o Sol

Como dar Vida as Nossas Vidas - Monja Coen Sensei







Wednesday, May 14, 2008

Holocausto Infantil

(Moacyr Scliar)

“Os laços afetivos desencadeiam emoções verdadeiramente vulcânicas. O ódio a uma pessoa próxima muitas vezes é de tal ordem que inevitavelmente leva ao crime”

Numa carta famosa, Albert Einstein perguntou a Freud como explicar o fato de que, nas guerras, uma minoria consiga arrastar povos inteiros para o conflito e a desgraça. Freud respondeu de maneira igualmente famosa, mencionando duas forças que coexistem no ser humano: o instinto de vida, Eros, que, partindo do amor e da sexualidade, busca preservar a existência; e a pulsão da morte, inata dentro de cada um de nós. Esta última passou a ser designada por Tânatos, que, na mitologia grega, simbolizava a morte. Tânatos era irmão gêmeo de Hipnos, o deus do sono _ uma sugestão que a morte é apenas um passo, ainda que decisivo, na trajetória dos seres vivos.

Freud tinha boas razões para pensar na morte. Afinal, ele viveu a Primeira Guerra Mundial, com seus medonhos massacres; e viu a ascensão do nazismo, desencadeador de uma guerra que ele, no entanto, não chegou a presenciar: morreu exatamente no mês e no ano em que ela teve início, setembro de 1939.

Essas coisas nos vêm à mente neste momento em que o país todo discute, não raro com revolta e indignação, o assassinato da menina Isabella. A pergunta que nos atormenta é mais do que óbvia: como alguém pode matar uma criança, uma criaturinha fraca, indefesa, que mal começou a viver? É possível o ser humano fazer uma coisa dessas?

É possível, diz Freud. Aliás, não só ele. O tema do assassino movido pela forte emoção aparece já no começo daquele que é um texto fundamental de nossa cultura, a Bíblia. O primeiro crime é praticado pelo irmão da vítima, movido por uma cega inveja. E esse tema será constante na mitologia, no drama grego. Sinal de que corresponde a uma realidade. Uma realidade ainda mais dolorosa no caso dos crimes de sangue em que pessoas matam apesar dos laços afetivos que unem, por exemplo, pais e filhos.

Apesar dos laços afetivos? Não, justamente por causa dos laços afetivos. Os laços afetivos desencadeiam emoções verdadeiramente vulcânicas. O ódio a uma pessoa próxima muitas vezes é de tal ordem que inevitavelmente leva ao crime. Trata-se de uma tensão absolutamente insuportável. E aí podemos compreender o assassinato de pais, irmãos, esposos _ de filhos. O parricídio é um exemplo. Na tragédia de Sófocles, Édipo mata o pai aparentemente por uma fatalidade. Mas será que foi mesmo fatalidade? Será, pergunta Freud, que isso mão corresponda a um impulso existente em todos nós?

Ao conceito de parricídio, o psicanalista argentino Arnaldo Raskovsky ajuntou ao filicídio, que é uma variável extrema do infanticídio, uma prática tão sóbria como antiga que obedecia a motivos vários, controle populacional, ilegitimidade, falta de condições para manter família, eliminação de crianças defeituosas (o que era comum em Esparta).

As estatísticas a respeito são impressionantes, mesmo em países avançados: no Canadá, por exemplo, os menores de 18 anos representam 17% dos homicídios, dos quais 76% praticado por um membro de família; geralmente matando um filho ou uma filha. O mesmo aconteceu na Suécia, na Dinamarca, No Reino Unido. Um verdadeiro holocausto infantil, resultante, na maior parte das vezes, de doença mental: mais da metade dos pais filicidas têm um diagnóstico psiquiátrico. A isso devemos acrescentar os maus-tratos infantis, dos quais muitas vezes resulta a morte da criança.

É medonho, mas é humano. Faz parte da nossa maneira de ser, é a materialização das fantasias que habitam os escuros desvão de nossa mente. O processo civilizatório, diz Freud, consiste exatamente nisso, em domar os instintos, canalizando a agressividade para coisas como o trabalho. Pagamos um preço por isso, que é o preço da neurose; mas, conhevamos, é melhor elaborar nossos problemas na terapia, ainda que seja doloroso, do que descarregar nossa fúria de maneira cega.

Tuesday, May 13, 2008

AMAR

Que pode uma criatura senão,
entre criaturas, amar?
amar e esquecer, amar e malamar,
amar, desamar, amar?
sempre, e até de olhos vidrados, amar?

Que pode, pergunto, o ser amoroso,
sozinho, em rotação universal,
senão rodar também, e amar?
amar o que o mar traz à praia,
o que ele sepulta, e o que, na brisa marinha,
é sal, ou precisão de amor, ou simples ânsia?

Amar solenemente as palmas do deserto,
o que é entrega ou adoração expectante,
e amar o inóspito, o cru,
um vaso sem flor, um chão de ferro,
e o peito inerte, e a rua vista em sonho, e
uma ave de rapina.

Este o nosso destino: amor sem conta,
distribuido pelas coisas pérfidas ou nulas,
doação ilimitada a uma completa ingratidão,
e na concha vazia do amor a procura medrosa,
paciente, de mais e mais amor.

Amar a nossa falta mesma de amor,
e na secura nossa amar a água implícita,
e o beijo tácito, e a sede infinita.

Carlos Drummond de Andrade

América do Sul em Crise Diplomática

March 4th, 2008 Brasil, Crônica, Mundo

Brasil e Argentina nas eliminatórias pra copa? Nãããooo…
A crise diplomática na América do Sul acaba por colocar a todos mais apreensivos com as hostilidades entre Colômbia, Equador e Venezuela.
Tudo se deu início na investida colombiana contra as
FARC (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), que se posicionavam em território equatoriano, ataque esse que matou o número 2 da organização, Raúl Reyes, de 59 anos, e mais algo em torno de 10 guerrilheiros no local.
O presidente equatoriano Rafael Correa classificou a manobra do exército colombiano com ação de guerra, e retirou seu embaixador da capital colombiana, expulsou prontamente o embaixador da Colômbia de Quito e moveu tropas para a fronteira entre os dois países. Ao mesmo tempo, o já famoso presidente venezuelano Hugo Chaves, que não poderia deixar essa oportunidade passar, manifestou de imediato seu apoio à Correa, retirou seu embaixador de Bogotá, e também moveu tropas à fronteira. Chaves diz não querer a guerra, mas não pode deixar que o império (E.U.A.), e nem “seu cachorro” venham a atacá-los, num de seus discursos típicos.
O presidente colombiano Álvaro Uribe, acusado de ambos os lados e após ter suas desculpas negadas pelo Equador, contra ataca dizendo que revelará documentos que comprovam o relacionamento entre as FARC e os governos de Equador e Venezuela, assim como se mostra extremamente preocupado (o governo), com esse relacionamento e apoio ao terrorismo. O governo colombiano disse que não irá mover tropas para as fronteiras, apesar do número de soldados nas divisas ultrapassarem 40 mil em 03/03/08. O Brasil tenta de alguma forma mediar a situação apoiado pelos governos argentino e chileno. Tentam reduzir a tensão na faixa de conflito alegando respeitar as medidas tomadas pelos países envolvidos, mas que mesmo assim não podem ficar indiferentes ao possível conflito.
Resumo apresentado, o que tenho a dizer é que enfim teremos mais atenção. A pacífica América do Sul, sempre grande fornecedora de café, cana de açúcar, cocaína, caipirinha, mulatas e amazônias, agora desperta atenção pela possibilidade de conflito internacional. Bacana, né!? Há pouco tempo tivemos alguns tornados no sul do Brasil, e com isso pensei: “Poxa vida! Acho que estamos nos tornando primeiro mundo começando pelo lado ruim, os desastres…” Agora vamos ter guerra também. E com o governo dos E.U.A. apoiando a Colômbia o negócio pode ficar feio. Tomara que não haja a possibilidade do Brasil entrar no conflito, mesmo que seja pra separar na briga a base de bala, pois por aqui somos sempre a turma do “deixa disso”. Pacíficos, sabem? (Até demais, diga-se de passagem). Não gostamos de briga. Preferimos disputar numa boa mesa de sinuca e pronto, quem perder paga a ficha e a rodada de pinga.
Pra variar, os E.U. A. já meteram o bedelho onde não eram chamados. Além do governo atual, Obama Lin Baden (o famoso Barack Obama) e sua concorrente à disputa pelos democratas, Hillary Clinton, já deram declarações apoiando a ação colombiana contra as FARC, mas pedindo calma e que resolvam tudo com diplomacia. É mole!? O governo de Bush, o malvado, é também totalmente a favor das investidas colombianas contra a organização terrorista, e também pede tranqüilidade nas negociações. Porém, vindo do governo atual, acho que eles estão doidinhos pra sair um quebra-pau por lá, assim podem invadir e matar metade da Venezuela procurando Hugo Chaves, e por fim não conseguir.
E o Excelentíssimo Senhor Presidente da República Federativa do Brasil, o grande Molusco? A postura do “deixa disso” é o melhor mesmo. O que ele iria fazer? Apoiar uma guerra é o mesmo que dizer: “Podem derrubar a Amazônia toda, companheiros, precisamos de mais papel…”. Não se pode assumir lados num episódio como esse. E vou dizer uma raridade partida deste que vos escreve e creio nunca terem me visto fazer: “Tá certo, senhor L. I. Moluscão da Silva! Muito bem! Bom menino!” Se bem que errar nessa seria motivo pra surra em praça pública. Então não é elogio, é dizer que está cumprindo sua obrigação… mas não faça m*rda pelo amor do Divino. Acerta uma só, por favor.
Se bem que, se o pau quebrar, se morrer um monte de inocentes, se os estadunidenses “escrotarem” com tudo como é de costume e o governo tupiniquim phoder alguma coisa… qualquer coisa… como também é de costume, tudo estará dentro da rotina mundial.


Fonte: G1 Notícias
site: http://documentotupiniquim.com/?tag=brasil

Muito bom este site! Os textos são
de altíssima qualidade. EU RECOMENDO!!!

Tudo passa...

Os fatos são esquecidos para se tornarem lembranças adulteradas. Cada um guarda dentro de si o que escolheu entender daquilo que se passou. A paisagem, a temperatura, as palavras, o sacrifício, o zelo, o pesadelo... “_ Como era mesmo aquela estória?”.

O cenário se transforma de acordo com a visão do espectador. A mulher lembrava-se do travesseiro macio. O homem guardou consigo o valor e a nota fiscal da conta paga. A menina ainda sentia o cheiro do perfume que fazia com que ela recordasse do abraço dado. O menino era surpreendido quando se via sorrindo atoa das luzes coloridas que lhe vinham à mente. E assim tudo passa para um dia ser esquecido.

As pessoas passam em nossas vidas para serem vivenciadas até a despedida. Mesmo quando não dizem adeus elas vão embora. Passam como se apenas tivessem pegando carona no bonde do dia-a-dia. Em algum lugar há a descida. Por idas e vindas o trilho percorre caminhos repetitivos, mas os passageiros não são os mesmos.

Estou esperando chegar o momento quando o que eu sinto hoje vai passar. Eu sei que vai passar! Pois tudo passa... Sei que vai me deixar mais cedo ou mais tarde. Não haverá de permanecer comigo e seguirá seu próprio rio.

Por que assumir este peso se ele irá embora depois? Quietinha eu permaneço e meus sentimentos _quando não estão com medo, tentam perceber o que há de belo nisso. Quando tudo passar haverá de ficar algum aprendizado. E quando o que eu tiver aprendido fizer parte daquilo que eu me tornar, então fazer-se-á devidamente esquecido.


Tinne Fonseca _ A Imperatriz
Maio/2008