Wednesday, March 01, 2006

Contratransferência

Meus novos sentimentos em relação a ele fizeram-me lembrar de ficar envergonhada da minha resposta inicial...
Estas mudanças todas significavam que estávamos fazendo progressos...
Eu pensava em mostrar para ele que uma outra pessoa podia conhecê-lo inteiramente e ainda se importar com ele...
Aos poucos se sentia definitivamente engajado, pensava sobre nossas conversas...
No período entre nossos encontros eu tinha longas conversas imaginárias como ele e o esperava ansiosamente, ficava zangada e desapontada quanto mais o tempo passava...
Mas, ao mesmo tempo, ele ficou incalculavelmente mais perturbado e relatava mais tristeza e mais ansiedade...
Eu lancei-me a compreender esse desenvolvimento. Quando estes sintomas com respeito ao relacionamento começam a aparecer talvez tivesse sido quando o envolvimento realmente começou...
Sua ansiedade tinha a ver com seu medo de ficar dependente demais. Nossos encontros não poderiam se tornar a coisa mais importante em sua vida. Ele não sabia o que poderia acontecer se não tivesse esse seu “compromisso”...
Pareceu-me que ele estava resistindo à proximidade ao referir-se a um “compromisso” e não a mim, e gradualmente confrontei-me com esse ponto...
Qual é o perigo de deixar que eu seja importante para ele?
Não há certezas e parece apavorante pensar que ele pode precisar demais de mim e não saber se eu estarei lá por ele.
Diz que vai deixar a cidade... Então me evita porque acha que não me terá para sempre?
Sei que não faz sentido, repete este comportamento em outras coisas, ele gosta e não quer gostar. Tem medo de que se gostar, talvez não queira partir...
A outra coisa que eu começo a sentir é que ele não quer se preocupar, pretende ficar aqui por pouco tempo, não imagina ter valor um relacionamento temporário...
O problema com esta atitude é que ele acaba com uma vida despovoada,
talvez isso seja parte da razão pela qual ele se sente vazio por dentro...
De uma maneira ou de outra, todos os relacionamentos terminarão.
Não existe isso de garantia vitalícia. “É como se recusar a ver o nascer do sol porque odeia vê-lo se por”. E, “Recusar o empréstimo da vida de modo a evitar o débito da morte.”


Adaptação do Livro: O Executor do Amor – Irvin D. Yalom por Tinne Fonseca - A Imperatriz