O Desenvolvimento Humano
De uma perspectiva Histórica
Nos primórdios da história registrada, as crianças tinham pouco ou nenhum direito, e suas vidas nem sempre eram consideradas de valor por seus familiares mais velhos. Pesquisas arqueológicas, por exemplo, mostraram que os antigos cartagineses freqüentemente matavam as crianças em sacrifícios religiosos e as coloca nas paredes das construções para “fortalecer” as estruturas (Bjorklund e Bjorklund, 1992). Até o século IV d.c., pais romanos eram legalmente autorizados a matar seus filhos se estes fossem deformados, ilegítimos ou não desejados. Após a proibição desta ação infanticida, as crianças não desejadas eram abandonadas para morrer nos campos ou vendidas como escravas ou objetos de exploração sexual ao alcançar a meninice (DeMause, 1974). Até mesmo as crianças desejadas eram tratadas bruscamente segundo os padrões atuais. Por exemplo, os meninos da cidade de Esparta eram expostos a um regime rígido projetado para treiná-los para a dura tarefa de servir um Estado Militar. Quando Bebês, davam-lhes banhos frios para “endurecê-los”. Ao chegar aos 7 anos, quando as crianças nas sociedades modernas estão ingressando no ensino fundamental, os meninos de Esparta eram retirados de suas casas e colocados em barracas públicas, onde eram frrequentemente espancados ou subalimentados para adquirirem a disciplina necessária para se tornar guerreiros (DeMause, 1974; Despert, 1965).
Nem todas as sociedades antigas tratavam suas crianças tão duramente como as cidades de Catargo, Roma ou Esparta. Ainda assim, séculos após o nascimento de Cristo, as crianças eram vistas como possessões da família sem quaisquer direitos (Hart, 1991) e as quais os pais podiam explorar como bem entendessem. De fato, não senão depois do século XII d.C. na Europa Cristã, que as leis seculares passaram a considerar o infanticídio como crime (DeMause, 1974).
Atualmente, discute-se como seria a infância na Idade Média. O historiador Philippe Áries (1962) analisou documentos e pinturas da época medieval na Europa e concluiu que as sociedades européias não possuíam o conceito de infância como conhecemos antes de 1600. As crianças medievais não eram cuidadas com a indulgência e o amparo com que são hoje. Eram normalmente vestidas como versões em miniaturas dos adultos, ou bebendo e farreando com eles em festa. E, exceto por excluir as crianças menores da culpabilidade criminal, as leis medievais geralmente não faziam qualquer distinção entre crimes cometidos por crianças e adultos (Borstelman, 1983; Kean, 1937).
Mas as crianças medievais eram realmente consideradas adultos em miniatura? Provavelmente não. Estudos mais recentes e detalhados da história medieval revelam que a infância era normalmente reconhecida como uma fase distinta da vida, e que as crianças possuíam algumas necessidades acima e além dos adultos (Borstelman, 1983; Kroll, 1977). As experiências vividas pelas crianças na época medieval realizavam atividades econômicas semelhantes às de um adulto da época atual. Ainda assim, é muita presunção afirmar que as sociedades medievais não possuíam qualquer conceito de infância e que tratavam suas crianças como pequenos adultos (Cunningham, 1996).
Fonte: Psic.Desenvol. Inf. e Adol. David S. Shaffer
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