Sunday, September 18, 2005

Mudança exige sabedoria

(Sergio Savian)
Quando a gente é jovem nem sempre sabe avaliar os perigos e por isso mesmo nos arriscamos mais. Isto tem um lado bom e outro ruim. De bom tem que no risco podemos ganhar alguma coisa. Ao ficarmos sempre parados no mesmo lugar, dificilmente acontecerá algo novo. Se você não arrisca, nunca haverá mudanças e você estará condenado a uma certa morte em vida. Ao optarmos sempre pela segurança, na crença de que o controle de tudo é que nos garante o bem estar, cometemos um equívoco. Uma vez eu fui consultado por um rapaz de vinte e poucos anos e fiquei perplexo com sua história. Ele me procurou porque queria se dar melhor em suas conquistas, visto que não conseguia namorar nenhuma garota. Mas eu percebi que seus dentes estavam realmente muito feios e que mereciam uma atenção especial. Sem isto, dificilmente ele sairia do lugar em relação à suas dificuldades com o sexo oposto.Mas quando eu sugeri que ele procurasse um dentista escutei do rapaz que ele não podia se tratar, pois estava muito endividado, pagando as prestações de um terreno num cemitério bem chic da cidade!O que você acha disso? Eu fiquei abismado com o raciocínio e com as prioridades que ele elegia para si. Apesar de sentir-se muito frustrado por suas dificuldades, preferia garantir sua "casa própria" após morte. É certo que essa história é bem exagerada, mas de alguma forma reflete a cabeça de muita gente que quer tudo controlado, que quer a segurança total. Estes estão quase mortos e nem sabem.

Sem riscos, a gente não desfruta a vida, mas há que saber avaliar até onde podemos arriscar. Você precisa ser artista para andar na corda bamba ou no fio da navalha. Gosto da música do Raul Seixas quando ele fala do maluco beleza. O bom equilíbrio entre uma certa maluquice na vida e os pés no chão é o ideal. Sem perder a cabeça não há arte, não acontece a paixão, não existe poesia. Mas há que saber a dose certa.
Se você se me em encrencas, pode se dar muito mal. Do que adianta o risco então se não é para o seu proprio bem? Quando aprendemos a fazer uma boa síntese entre a avenntura e a sensatez a vida tem um colorido sutil, uma graça que é típica de quem adquiriu este equilíbrio.

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